Exame do Enem cala educadores do Amazonas

O presidente da União dos Estudantes Secundaristas do Amazonas (Uesa), Mário Lúcio, que deveria ser o principal interessado na melhoria do ensino para a classe que representa, preferiu se omitir.

O resultado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que classificou os estudantes do Amazonas em último entre os alunos de todo o Brasil, deixou as pessoas envolvidas com a educação no Estado de boca calada ou escorregando pela tangente. O presidente da União dos Estudantes Secundaristas do Amazonas (Uesa), Mário Lúcio, que deveria ser o principal interessado na melhoria do ensino para a classe que representa, preferiu se omitir, mesmo confirmando que tinha conhecimento do fato.
“Preciso dos dados concretos e só depois de uma avaliação bem fundamentada é que posso dar minha opinião”, tergiversou Mário Lúcio, pedindo à reportagem para entrar em contato com ele na próxima semana. O presidente da Uesa confirmou que soube do resultado do Enem pela TV e que os estudantes do Amazonas tiverem uma classificação ruim, mas se omitiu, também, de comentar o assunto.
Para a presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Amazonas (Sinteam), Isis Tavares, o resultado do Enem não representa culpa dos estudantes e nem dos professores, mas da estrutura da educação no Estado. “Não adianta apenas investir na estrutura física e deixar de lado a qualificação dos profissionais de educação”, disse Isis, acrescentando que o Estado relaxa quanto à valorização dos recursos humanos.
De acordo com a presidente do Sinteam, há uma relação direta entre investimento na educação e qualidade de ensino que, no caso do Amazonas, o Enem não retrata com fidelidade. Para ela, o governo aplica os recursos em educação conforme determina a lei, embora não haja um plano de formação continuada dos profissionais, que assim ficam restritos apenas ao diploma universitário.
Ela também acredita que as questões do Enem podem não estar relacionadas com aquilo que os alunos aprendem nas escolas, podendo assim distorcer o resultado final do exame. “O Enem é uma avaliação individual dos alunos, que mede o conhecimento individual, e não a qualidade do ensino”, explica, informando que os professores do Amazonas não estão em nível mais baixo do que a média de seus colegas de outros Estados.
Já o secretário de Estado de Educação do Amazonas (Seduc), Gedeão Timóteo Amorim, disse que o Enem não deve ser tomado como parâmetro para avaliar a qualidade do ensino no País. O secretário frisou que o exame deve ser visto como um esforço governamental para introduzir a sistemática da avaliação continuada, mas disse que não reflete a real situação da educação no Brasil.
“O Enem é um exame individual de caráter voluntário e não pode ser tomado como parâmetro para avaliar as redes de ensino porque a imensa maioria dos que fazem o exame não está matriculada”, afirmou o secretário. Para ele, no caso do Amazonas, apenas 25% dos que fizeram o último Enem são estudantes da rede pública, os demais 75% são pessoas que concluíram os estudos há cinco, dez anos ou mais.

Gedeão diz que Estado realizou trabalho “grandioso”

O secretário Gedeão Amorim, da Seduc, informou que a administração pública estadual aguarda com bastante expectativa a divulgação dos resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). “O Ideb deve ser divulgado no segundo semestre e é o resultado de avaliações feitas com estudantes dos ensinos fundamental e médio, que estão estudando, de fato”, disse Gedeão.
Para ele, o governo do Estado realizou um trabalho grandioso que incluiu a capacitação de professores e a mobilização de alunos, por meio de projetos de estudos intensivos e também aplicação de simulados. O secretário disse que o Amazonas será bem avaliado e que o salto de qualidade executado por esta gestão será conhecido pelo Ideb.

Amazonas conseguiu apenas 37,68 pontos

Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), divulgados no dia 4 de abril, atestaram que o Amazonas é o Estado que teve a pior média de desempenho no Exame Nacional de Desempenho Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2007. A estudo refere-se somente às escolas públicas.
No geral, as escolas públicas de Santa Catarina tiveram as melhores notas: 49,72 pontos. As com pior desempenho são do Amazonas, com 37,68 pontos, em média.

Melhor desempenho

Em Manaus, a escola de Ensino Médio regular que teve o melhor desempenho foi o Lato Sensu, com um média de 72,78. A Fundação Nokia de Ensino foi a primeira colocada entre as escolas com Ensino Médio profissionalizante, com média de 70,67. A escola de Ensino Médio regular que teve o pior desempenho, em Manaus, foi a Escola Estadual Almirante Ernesto Mello Baptista, com média de 35,27.
O melhor desempenho da rede pública com a redação ficou com o Rio Grande do Sul, com 59,71 pontos e o pior ficou com o Tocantins, com 50,44. Já na rede particular, as maiores notas da dissertação apareceram em Goiás, com 64,71, e as piores, em Roraima (57,42).
Na rede pública, o Estado que obteve as maiores médias nas questões objetivas foi o Rio Grande do Sul, com 55,89 pontos. O pior desempenho foi do Tocantins, com 41,98 pontos.

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